segunda-feira, 29 de fevereiro de 2016

As diferenças que separam o Casal

AS DIFERENÇAS QUE SEPARAM O CASAL
Aprender a interpretar os diálogos e os monólogos da vida conjugal que geram afastamento.
É orgânico e não há nada a fazer. Os homens e as mulheres são diferentes, vêem as coisas de forma distinta e vivem a vida de uma maneira também ela diferenciada. Pelo menos, essa tende a ser a regra.
Mesmo as pessoas que se consideram almas gémeas nem sempre coincidem nos pensamentos. Tal situação, com a convivência, acaba por afetar as rotinas diárias do casal.
Psicólogos clínicos, enumeram alguns exemplos e apontam soluções que vão facilitar, melhorar e até, nalguns casos, dar um novo rumo à vida conjugal.
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A demonstração dos afetos
Mulher que é mulher gosta de se sentir amada e cortejada mas homem que é homem tende a desvalorizar a demonstração constante de afetos:
- Todos os dias (ou quase) diz ao  parceiro que o ama
Se se repete muitas vezes «Amo-te», o companheiro tenderá a percepcionar que, «se a palavra for dita isoladamente ele pode pensar que é dita sem sentimento». Será necessário melhorar a relação e integrar a palavra numa frase, dizendo algo como «Amo-te porque tu...». «Ter o cuidado de construir frases que realmente se apliquem a ele(a) em particular», advertem os especialistas.
- Todos os dias (ou quase) diz ao  parceiro que a relação não está a funcionar
Se é este o caso, o seu companheiro tenderá a pensar algo como «Lá vem ela outra vez com a mesma conversa. Começo a ficar farto», adverte o especialista. «Guarde esta frase para quando não está mesmo a funcionar. E não se esqueça de explicar porquê e de exigir um tempo para os dois conversarem», sugerem os especialistas.
- Todos os dias (ou quase) diz ao parceiro que eu é que sei
Se repete diariamente esta frase, o seu companheiro tenderá a pensar algo como «É igualzinha à mãe dela. Mas o melhor é deixá-la falar e depois faço como quero». Melhore a sua relação com uma nova abordagem. «Comece por perguntar a razão de ele afirmar ou fazer o que disse ou fez. De imediato, apresente-lhe o seu ponto de vista. No fim pergunte-lhe algo como «Então como vamos fazer?», sugerem os especialistas.
A iniciativa do sexo
O que significa dar o primeiro passo ou limitar-se a responder a estímulos:
- Sou eu que tomo a iniciativa
Se é você que toma a iniciativa, o seu companheiro pensará algo como «Gosta tanto de mim que não preciso de me preocupar com a nossa relação». Para melhorar a relação, «pergunte-lhe o porquê de ele nunca tomar a iniciativa. Explique que, assim, não consegue sentir-se desejada e amada, mesmo que não seja o caso. Nunca, nunca mesmo, espere em silêncio que ele se lembre se passar muito tempo, desde a última relação sexual», recomenda.
- É quase sempre ele que toma a iniciativa
Se é quase sempre ele que toma a iniciativa, o seu companheiro pensará algo como «Ela não tem interesse. Com tantos aspetos positivos que a caracterizam, que pena não ser mais parecida comigo nesta área», afirma o especialista. Para melhorar a sua relação, «faça-lhe uma surpresa e tome a iniciativa».
«Com o tempo, e se está cansada, proponha uma brincadeira sexual mais rápida. Nunca diga que as mulheres são diferentes dos homens, porque existe o risco de ele conhecer outras mulheres e descobrir que não é verdade», defende ainda o especialista em psicologia clínica.
- Não temos vida sexual
Neste caso, o seu companheiro pensará algo como «Agora, uma parte importante da nossa vida já acabou. Ou terá sido o nosso casamento que terminou?». Para resolver esta situação, «converse sobre o assunto, fora do quarto e a dois. Não aceite a desculpa de que, com o passar do tempo, todos os casais diminuem a frequência do sexo. Se não resultar, consulte um terapeuta», sugere. Oferecer um livro sobre sexo e prazer no feminino pode ajudar a melhorar a vida sexual.
A odisseia das tarefas domésticas
Há cada vez mais homens a ajudar em casa mas também ainda há muitos que chutam para canto as atividades diárias de gestão e de manutenção de uma casa:
- Eu é que faço tudo sozinha
Se se encaixa neste perfil, é presa por ter cão e presa por não ter, como diz o ditado popular. Ou os seus filhos a veem como «uma mulher submissa (e crescem a pensar que é exclusivamente ao sexo feminino que cabe este tipo de responsabilidade) ou como alguém exigente e obsessiva que não deixa ninguém participar porque acha que os outros não fazem as coisas tão bem», descreve a especialista. É importante que todos partilhem as tarefas diárias.
Mude a sua forma de pensar. «Pergunte-se porque faz as tarefas sozinha. Se é por ser muito exigente, cabe-lhe mudar de atitude. Mesmo que os outros não as façam tão bem, você pode ensinar os seus métodos de modo construtivo e, até, melhorar o desempenho dos outros. Se o faz por ser submissa, se não tem força na sua relação para que o outro partilhe as tarefas consigo pode, pelo menos, mudar a sua postura em relação aos filhos, ensinando-os a serem solidários», aconselha a especialista.
- Ele dá-me uma ajuda
Se é o seu caso, vive uma situação de falsa partilha e «passa a imagem aos filhos de que a responsabilidade é sua e que, portanto, quando os outros fazem alguma coisa é por simpatia e você ainda tem de agradecer», refere. Mude a linguagem. Em vez de «Põe-me a mesa», «Apanha-me a roupa», diga antes algo como «Põe a mesa para todos» ou «Apanha a roupa e eu dobro-a». «Se o objetivo for modelar a partilha, tem de passar a ideia de que as tarefas são uma responsabilidade coletiva», acrescenta.
A educação dos filhos
É outro dos pontos que gera frequentemente discussões nos casais:
- Quem manda sou eu
Se se encaixa neste perfil, e que o seu companheiro pensará algo como «É uma postura agressiva de quem não sabe valorizar nem respeitar o ponto de vista do outro. De onde, seremos tendencialmente vistos como arrogantes, intransigentes, agressivos e fechados ao diálogo». 
O seu filho também se mostrará descofortavel. «Você é o chefe», e portanto, «tudo lhe vai ser dirigido, sendo provável que pai e filho se juntem para tentarem demovê-la».
«As crianças tendem a imitar o comportamento dos pais, por repetição ou por oposição. Poucas são as que o fazem por construção (melhorar o comportamento dos pais). Neste caso, o filho é uma vítima potencial. Na infância, se se quiser impor às outras crianças pode ser posta de parte. Na idade adulta, pode ter padrões sociais mais agressivos ou passivos. Em ambos os casos os outros afastam-se, no segundo também podem tentar aproveitar-se dela», refere a especialista.
«A comunicação assertiva, que respeita o outro e sabe fazer-se respeitar, resulta muito melhor. Diga antes “sinto isto e estou muito interessada na tua perspectiva», sugere a especialista. Use frases como «Vamos decidir em conjunto, tendo em conta o interesse dos nossos filhos» ou «Não importa ter razão, é mais relevante educar bem», sugerem.
- Não me consigo impor
«Não posso contar muito com ela. Era preferível que tivesse autoridade, para podermos educar os filhos em conjunto», para ilustrar o pensamento do cônjuge. «Não manda, não conta ou não se importa, está ausente e não quer saber. Está mais envolvida noutro projeto, profissional, por exemplo», tenderão a percecionar os filhos.
«Os filhos sabem que pedem e que acaba por ceder. Estas crianças podem ser muito manipuladas, sentem que não têm poder, que não são capazes de se impor porque não são capazes de cortar o vínculo emocional e que se deixam levar», alertam, que também aqui defendem uma abordagem alternativa. «Até um pouco antes da adolescência, as crianças dão-se bem com uma ditadura benevolente ou uma democracia musculada, em que sejam respeitadas mas sintam que existe uma estrutura clara», diz.
«Esperam que lhes indiquem, com afeto, com o que contam, o que podem e não podem fazer e o que é esperado delas», refere. «Esta abordagem pode exigir algum trabalho pessoal. Em alguns casos, para uma economia de esforço, pode ser preferível reencaminhar os pedidos dos filhos para o marido», acrescentam os especilaistas.
- Raramente estamos de acordo
Acontece a muitos casais. Se é o seu caso, o seu companheiro pensará algo como «Esta situação implica, por vezes, uma expectativa negativa face à capacidade do outro para dialogar, o que não ajuda». «Já a criança pode achar que é normal ou então viver em sofrimento. Pode sentir-se a causa da conflitualidade, viver com medo de uma separação ou num desejo constante de que ela ocorra ou, até, numa ambivalência de sentimentos», retratam os especialistas.
«Pode ainda encontrar um benefício secundário», pensando algo como «Se tenho de aguentar este sofrimento, utilizo a situação em meu proveito. Se um dos meus pais disser não, peço ao outro», sublinha a especialista, que aponta um caminho diferente. «Interesse-se pelo ponto de vista do outro. Mais do que procurar ter razão ou vencer uma discussão, importa considerar que o objetivo comum é o bem dos filhos», adverte.
«Por causa dos filhos, escolho pensar e agir contigo», como linha de pensamento. «Se a criança revela agressividade, passividade, choro, alterações do apetite ou do sono, deve tentar mudar a relação com a ajuda de terapia familiar», aconselham os especialistas."

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